Termina assim o projeto internacional Erasmus+ TEACHING AND LEARNING TOWARDS AN INCLUSIVE DIGITAL SUSTAINABLE WORLD, 18 meses que permitiram a mobilidade de doze alunos, dois docentes acompanhantes e seis docentes e uma assistente social em regime de job shadowing.
As experiências foram múltiplas e repartidas por três países de acolhimento – Turquia, Eslovénia e Itália – respetivamente exemplos de multiculturalidade, desenvolvimento sustentável e preservação ambiental e de desmaterialização dos recursos livro – por uma escola “senza zaino” (sem mochilas).
Em todas as mobilidades, a alunos, docentes e não docentes, foi dada a oportunidade de observar e/ou partilhar boas práticas, experienciar diferentes estratégias de intervenção didática-pedagógica, relacionar-se, apreender uma nova cultura com base na comunicação em língua inglesa e na observância de outros hábitos e modos de estar.
Monterotondo, Roma, Itália, Instituto eSpazia | 08 a 12 maio 2023
A semana começou com a alegre cerimónia de boas-vindas à escola. Cerca de uma centena de alunos acolheram os visitantes entoando os diferentes hinos e ofertando sacos com souvenirs e material de trabalho para a semana. Um momento de aproximação dos pares e de festejo por este encontro.
As atividades decorreram colaborativamente com foco em práticas de programação e robótica, exploração de aplicativos digitais de suporte à aprendizagem “senza zaino”, criação pela arte, pesquisa e partilha de conhecimento entre pares, muito respeito e solidariedade.
Os alunos puderam trabalhar em grupos multiculturais, reconhecendo a necessidade e o valor de dominarem uma língua comum – o inglês – permitindo a sua aproximação e comunicação; os professores puderam observar situações de ensino e aprendizagem em aulas de matemática e italiano, correspondentes ao 2ª e 3ª ciclos, refletindo sobre as práticas implementadas pelos parceiros, retirando as devidas ilações, potenciando as suas competências técnicas e, acima de tudo, partilhando estratégias e metodologias aquando das sessões de reflexão conjuntas. A assistente social observou dinâmicas de apoio e inclusão de alunos com dificuldades e/ou emigrantes, comparando realidades e práticas, bem como concluindo da sua aplicação no contexto social e educacional português. Partilhou ainda boas práticas em curso no AE Aver-O-Mar e políticas de intervenção do nosso país, ficando o desejo nos seus homólogos de, a curto prazo, visitarem a nossa escola.
Tempo houve para promover a criatividade dos participantes em sessão de produção plástica e workshop de teatro dirigido por profissionais da área. A experiência foi única! Aprendemos a importância da gestão e transmissão de emoções, os “truques” cénicos utilizados pelos atores para encenar cenas de violência, drama ou amizade, sempre reiterando os valores e obrigações sociais subjacentes no comportamento humano. Mais um excelente exemplo do papel que a arte do teatro pode ter na formação dos públicos jovens.
Por fim, visitamos a icónica cidade de Roma e o Vaticano. Dois dias de visita cultural que permitiram o contato direto com os famosos monumentos romanos, obras de arte centenárias e a história da humanidade que todos aprendemos nas aulas de História
Perante os nossos olhos estava, pois, o famoso Coliseu de Roma – imponente e repleto de histórias; o Fórum Romano – ruína do maior “centro comercial” do mundo à época; o monumento nacional a Vittorio Emanuele – o primeiro rei da Itália unificada; a pequena estátua da Loba de Rómulo e Remo. A propósito desta estátua, conta a lenda que:
“… certa vez um homem muito cruel atacou o pai de dois gémeos, aprisionando-o e raptando os seus dois filhos que mais tarde abandonou na floresta, deixando-os entregues ao seu destino. Porém, o choro das crianças atraiu a atenção de uma loba que os “adotou” e amamentou como se fossem as suas crias. Um dia um camponês passava pela floresta e deu com as duas crianças a amamentarem-se da loba. Decidiu levá-las com ele e batizou-as de Rómulo e Remo. Muitos anos mais tarde, já adultos, Rómulo e Remo foram à procura do seu pai sendo que o encontraram, libertaram e puniram o homem que o havia aprisionado. Depois, voltaram para o lugar onde a Loba os havia amamentado, nas margens do rio Tevere (Tibre), e decidiram que aquele seria o lugar de uma nova cidade. O nome escolhido foi Roma.”
Prosseguimos a nossa visita caminhando pela Via del Corso e os seus imponentes edifícios de estilo barroco, a Via dei Condotti – uma das ruas mais elegantes de Roma, contendo inúmeras lojas de moda, como a Gucci ou Bvlgari, e cafetarias finas, dentre as quais se destaca o histórico Caffé Greco (1760); as famosas Scalignata di Spagna, famosa escadaria na Piazza di Spagna, o tradicional local de encontro de jovens, turistas e dos indispensáveis artistas de rua, que usualmente se reúnem em torno da Fontana della Barcaccia; a igreja que fica localizada no seu topo tem por nome Trinità dei Monte, tendo sido construída em 1495 e contendo no seu interior inúmeras obras de arte.
Por fim, o Panteão de Roma ou Agripa – “templo romano de todos os deuses”, construído no século I; a Fontana de Trevi – um projeto de Nicola Salvi que tem como figuras centrais Neptuno ladeado por dois tritões, este lugar marcava o final do Aqueduto de Aqua Virgo que canalizava água para as novas estâncias termais de Roma (o relevo no primeiro andar, mostra uma rapariga de seu nome Trivia, a quem a fonte deve o seu nome); a Piazza Navona, o centro social da cidade de Roma com as suas três fontes barrocas.
E aqui nos despedimos fisicamente dos amigos italianos, na certeza, porém, que o contato digital irá perdurar entre aqueles que se “encontraram” nesta aventura.
Last but not the least, sábado, dia de regresso, ainda houve tempo para visitar a Cidade do Vaticano.
Os famosos Museus do Vaticano e a mundialmente famosa Capela Sistina, morada dos deslumbrantes frescos de Michelangelo. São quilómetros e quilómetros de galerias luxuosas, repletas de arte e decoração palaciana e onde vislumbramos os engalanados soldados da Guarda Suíça Pontifícia. Por fim, a Praça de São Pedro – arquitetada por Bernini e construída no século XVII – e a Basílica de São Pedro.
E foi tempo de rumar ao aeroporto Fiumicino de regresso a casa.
“Roma non è una città come le altre. È un grande museo, un salotto da attraversare in punta di piedi”.
(Roma não é uma cidade como todas as outras. É um grande museu, uma sala para atravessar na ponta dos pés – Alberto Sordi).
Efetivamente Roma vê-se caminhando e este grupo assim o fez. Foram dois dias aprazíveis de visita a esta magnífica cidade. Muitos dos monumentos já haviam sido visualizados e estudados, anteriormente, na atividade de grupo na escola eSpazia, momento que respondeu ao duplo objetivo de utilizar a ferramenta digital Google Maps e pesquisar e conhecer Roma mas, principalmente, preparar os visitantes (alunos) para uma visita informada à cidade!
Enquanto coordenadora deste projeto Erasmus+, agradeço a toda a equipa a sua dedicação, aos alunos o empenho e interesse, aos pais a confiança depositada na escola, à Câmara Municipal a colaboração institucional, e à direção o apoio incondicional à iniciativa. Obrigada!